Maria da Penha

Maria da Penha

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2001

Sonhos de menina mulher

Fantasiei quando menina
Casar e ter meus filhos
Um menino e uma menina
De olhos bem clarinhos

Não foi fantasia
Foi um sonho realizado
Tive um casalzinho
De olhos clareados

Sonhei também como mulher
Fantasias até perversas
De viver com o meu companheiro
Como amantes exotéricos

Neste sonho glorioso
Quis conhecer lugares
Fazer coisas loucas
Sem traição, na liberdade

Mas este companheiro? Não tive
Não acompanhou a minha ilusão
Achou melhor a acomodação
Sobre o mesmo colchão

Não cativou a amada
Para viver os mesmos valores
Preferiu afagar os seus sonhos 
Com a mulher da vida errada.

Neste caso, só agradeço
Ao sonho que tive com os filhos
Pois o sonho de mulher
Caiu no precipício.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2001

Testamento amor de uma mulher

Mulher não pode amar
na essência da palavra
Somente pode ser amada
na fadiga doutrinária.

Por isso compreendo agora
o meu grande erro na vida
Erro ou experiência?
Erro, experiência é
a degradante escusa do desacerto.

Amei, então errei
na essência da palavra
No desacerto perdi
o amor da pessoa amada.

Quando a mulher ama
verdadeiramente
Torna-se cúmplice de
um amor decadente.

No âmago do ser amado
depois do alcance da conquista pleiteada
exaure da sua alma todo o amor , e logo depois
vulgariza sua amada.

Quer ele ser o caçador perpétuo
da pureza nunca conquistada
Que desatinado e exasperado é este ser
que jamais poderá ser amado?

Amei, então errei e sofro
na essência da palavra, mas
Sou feliz por ter amado
Mesmo sendo vulgarizada
por deixar-me ser conquistada.

quinta-feira, 28 de outubro de 1999

Sofrimento virtual

Nas noites escuras e frias
Não se faz mais barquinhos de papel
Como antigamente se fazia
Para encher de satisfação e alegria
Esta vida de aluguel

Hoje nas noites, finge-se
Fazer amigos virtuais
Amigos, amantes e tudo mais
Para encher mais de saudade os corações
Pois eles, assim como os barquinhos não voltam jamais.

Ficando no coração
O frio denso de uma ilusão
Que talvez em uma noite de verão
Possa tornar realidade
os sonhos dos amantes virtuais.

Sufocando toda uma vida
Acreditando em curar uma ferida
Que na verdade não será vencida
E cresce cada vez mais
Em cada noite de despedida.

Mas quando se torna realidade
Que satisfação! Até amedronta
Ficando registrado nas faces
A alegria do dado impasse
De vencer o que aparecia vencido.

Mas a tormenta não termina
A dor é mais intensa
Quando na despedida
Vendo um amor que fica
Na dura hora da partida.

Quanto arrependimento
E que no íntimo do ser vem o lamento
Sabendo assim que era menor o sofrimento
Da despedida virtual
E a maldita ferida nunca será vencida.

segunda-feira, 23 de março de 1998

Meu amigo Pedro

A adolescência conta histórias
E nestas histórias loucas, tem a do Pedro.
Ah! Meu amigo Pedro
Amigo de amores
Incertezas também.

Nada de grandioso
Também nada vulgar
Bom menino
Que mesmo em minha inocência
Já sentia, já sabia que iria afundar.

Não sei se no despreparo da criação
Talvez no gene da transformação
Desvirtuou aquele menino
Desprovido de amor
Não vingou.

Drogas, sexo e muito mais
Desenfreou e quebrou as virtudes
Do homem que se tornou.
Por quê? Por quê?
Eu te avisei e você não acreditou.

Foi-se assim tão cedo e drasticamente
Amigo Pedro, ferro e fogo te feriram
Não amou a ti mesmo
E com isto fizestes sofrer
Pessoas que queriam ver-te florescer

E o carrasco, ferrenho e sem amor
Que te fez sentir no peito o peso da dor
Tenho a satisfação de saber
Que o lugar onde estás
Amigo, serás capaz de reflorescer.

quinta-feira, 28 de setembro de 1989

Paulo

Paulo Fernando
Na intimidade - Paulo
Que no telefone brincava
E cá, também eu.
Que em um encontro nosso mais tarde
De mentiras escrotas
Um enrolo só, nos envolveu.
Risos e sonhos concebidos
Levou-me a sério
E sofreu.
Eu não tinha consciência
Do sofrimento que lhe causava
Então, seu pai experiente
Colocou Paulo em um avião
Indecente
E na Austrália
Desapareceu.
Encontrei Paulo muito tempo depois
vagando
E de mais nada fiquei sabendo
Do que em sua vida aconteceu.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 1980

Josino o gênio

Josino pequenino
Josino tão inocente
Aquele moleque trapo
Josino transumano.

Josino cresceu
Pois criança cresce
Homem, Josino continuou maltrapilho.
Mas com o coração de Josino.

E hoje, aqueles
Que brincaram com Josino
Ah! Josino
Brinca com eles.

segunda-feira, 28 de maio de 1979

Pertencer

Santo, peregrino faceiro
Peco e tu perdoais-me
Forma que tu, qualidade divina
Mostras o que és.

Brilhar na vida
Ser faceiro peregrino
É ser Santo?
Ou pertencer a satã?

Com crueldade e pertinência
Usando da nossa inocência
Faz com que sejamos pecaminosos
Talvez para fazer mostrar sua qualidade de Santo.

E nos coloca em uma roda viva
Envolvendo o mundo com justiça
Para ser Rei hoje e amanhã
E em cada manhã seguinte é Santo pelas idiotices.

Como há séculos
Peregrino e Santo faceiro,
Pertenço a Ti
Assim como a humanidade diz pertencer.

De um farsante
Peregrino
Que se diz Cristo
Em cada amanhecer.