Maria da Penha

Maria da Penha

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O sonho

Você corre, corre atrás de um sonho.
Mas você não conhece o sonho
Então, você vaga de um lado para o outro,
Considerando as coisas pontuais como realizadas
Mas você volta para casa
Fica ali calado
Frio
Embutido
Imundo
Moribundo
Chora e ri embriagado
A noite cai
O estomago enjoado
Adormece
E o sonho que sequer foi sonhado
Morre com o sono
O dia nasce novamente
E você volta a correr e corre atrás do sonho.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Relacionamento

O relacionamento acabou mas existe amor?
O ódio, a vingança se apresenta.
E o vazio? Que tormenta!
E chora-se e ri-se.
O corpo fica esquálido.
Os olhos não veem os campos, as ruas e as cidades.
Não se escuta os cumprimentos, são sussurros desnexos.
Quer-se a amizade?
Não, não existe possibilidade – É amor.
Sente-se a senhora de cetim negro, mais próxima.
Caminha junto a todos os passos.
Então o que é melhor?
Lembrar-se que a vida é uma peça de teatro,
E o vivido não foi mais que meio ato.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Sem passado o presente não terá futuro

Quem somente vive intensamente no presente e não examina o passado não será capaz de prognosticar o futuro.
Passa a pensar o futuro como a possibilidade de tudo e o passado, como a realidade do nada.
Assim, não tem esperanças nem saudades, e o presente tornará a vida contrária do que desejaria.
Sem que prevaleça a história no cérebro de um homem, o que poderá ser a vida amanhã se não a pode presumir?
É através do passado empírico que se mantém o controle do que se quer, do que acontece de fora, exercendo a própria vontade.
Quem repudia o legado do passado, arreda-se de si, levando ao desejo inútil de repeti-lo, com a sensação do momento.
A rejeição do passado modifica o espectro da sensibilidade, pelo fato elementar de consciência provocado pela modificação de um sentido externo e ou interno.
Sem conhecimento do passado, o presente é um simulacro de si, vive-se de aparência sem realidade.
O presente descalçado é a ilusão transcendendo as premissas das incertezas do futuro, o qual vivenciará como já fora um dia.
A simulação do futuro torna-se fantasmagórica e o texto se repetirá.
E ri-se íncubo.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Perdi

Perdi
Sei que é minha culpa
Não contemplei e não mensurei as consequências
Deduzi que todos seriam fortes como eu.
Sempre fui dura para suportar
Dores, ódios, amarguras e saudades.
Mas hoje sinto o pranto em minha face
Pois perdi o amor maior que Deus me deu.
Para mim o tempo sempre foi e será relativo
Nunca me acomodo pelo tempo perdido
Mas sinto que ninguém pensa assim.
Vou cortar meus pulsos ou tomar aquela caixa de comprimidos
Por deixar a emoção dominar a razão
E sufocar pela morte a dor que sinto em meu coração.
Tenho culpa, não escondo
Deixei-te só e sofrido
E o tempo foi capaz de trazer-te novos caminhos.
Viva, então, seja feliz
Pois não sou nenhuma imperatriz
Sou comum, uma reles infeliz
Que confiou em ti e num horrendo erro
Cai do pedestal, para os servis.
Algo me dizia, que eu ouviria somente de ti
A desistência da luta da nossa união.
Mas, em pêlo, em febre e em duras penas
Outros dedos foram os que teclaram 
Para dizer que estavas afastado
Dos nossos sonhos, amor e paixão.
O teu adeus não precisava ser assim
Podias ter confiado em mim
Pois quem julga e o indicador aponta
Esquece de ver que os outros dedos para si confrontam.
Errei e bato em meu peito
Mas fui sincera e continuo a ser
Jamais apontarei um erro seu
Pois nunca fizestes por merecer.
Fostes e agora estou só 
Sem chão, com pés descalços
Por perder o meu amor maior, 
Que se foi sorrateiro e apático.
O gosto de fel em minha boca é doce
Perante a facada dissimulada que recebi.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A cegueira

Olha, olha não consegue ver.
Você sabe que não ficou cego
Mas não entende porque não enxerga
Mas você sabe que está sobre a ponte
E sabe que o mar azul está adiante
Existem navios no horizonte
Você tem consciência de tudo
Mas não consegue ver
Ei? Não tente abrir mais os olhos
Você não vê por falta da visão
O muro é muito mais alto
Faça o esforço para subir até o topo
É muito alto, e você não suporta mais o cansaço?
Tente mais uma vez.
Sente-se fraco
Não tem mais tempo?
Dê mais uma gota do seu sangue
Sei que é a última gota
Está quase, vai.
Sente-se melhor agora?
Você chegou ao topo.
Mas o seu corpo é só dor
Você demorou demais
O muro é alto
E não teve tempo de ver os navios
A correnteza mudou a cor do mar.
Não salte agora.
Use a sua imaginação.
Tente enxergar assim mesmo.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Você corre

Você corre, corre atrás de um sonho.
Mas você não conhece o sonho
Então, você vaga de um lado para o outro,
Considerando as coisas pontuais como realizadas
Mas você volta para casa
Fica ali calado
Frio
Embutido
Imundo
Moribundo
Chora e ri embriagado
A noite cai
O estomago enjoado
Adormece
E o sonho que sequer foi sonhado
Morre com o sono
O dia nasce novamente
E você volta a correr e corre atrás do sonho.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Tempo

Você achou que o tempo não passaria?
Tentou se convencer de que nada aconteceria?
Fez com que o seu cérebro queimasse no alto-forno?
Esqueceu-se de que o fogo queima?
Mas o produto escorreu
Petrificou com o ar
Tentou a picareta para quebrar e nada
Tentou um componente químico
Mas a química não permitiu que se liquidificasse novamente
Pronto, você envelheceu e ficou pronto.
Nada mais é capaz de modificar
Nem os vermes conseguirão devorar
E você ainda nem percebeu
Que o tempo passou e se foi para bem longe
Nem é capaz de processar lembranças e a dor aumenta
Mas o que solidificou nem pensa
Só sofre e nem sabe discernir em que consiste.