Maria da Penha

Maria da Penha

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Mulher (para Beth)

Como é linda a mulher que passa
Passa todos os dias na mesma rua
Alta esquia e límpida
Brilhante como a lua.

Meu Deus! Quem é a mulher que passa?
Num balançar singular de cintura
Que o meu olhar se distrai
E o meu compromisso descontinua.

Que desejo ardente que tenho
E não posso fraquejar
Será que alguém sabe me informar
Quantas primaveras já se passaram por ela?

Procurei saber um pouco mais
E alguém confiante e clarividente, disse-me,
E mulher da mais pura desenvoltura.

Não caia nessa, amigo,
É mulher dos anos cinquenta que desfruta
Da inteligência, beleza e plenitude infindas.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Amor II

Seu amor, amor!
É amor frágil
Amor possessivo
Amor pequeno demais.

Seu amor, amor!
Não é amor de luta
Amor consistente
Amor de pouca labuta.

Seu amor, amor!
É amor para as “Helenas”
Pessoas pequenas
Com pequenos dotes que lhes interessam.

Seu amor, amor!
É amor arranjado
Amor dependente
Amor de boteco.

Seu amor, amor!
É amor passageiro
Amor de agradecimentos
Não é amor das Marias

Meu amor, amor!
É amor que suplanta as suas baixas ideologias
Que perdoa a sua insignificância
É amor cá de dentro.

Para o seu futuro amor, amor!
Não serão os haveres aos quais pertence
Que superarão as suas dores
Sempre serei eu, que estarei aí dentro.

Castidade?

Mantive-me em castidade
Durante anos a fio
Para não trair pelo carnal
Mantendo a jura ao falo divino.

Ora, não foi possível,
Em saber por terceiros, tão grave desleixo,
Por quem tive apreço
E deixou-me a ver navios.

Não suportou o enorme desejo
Em derramar o líquido quente
Com prazer veemente
Entre as coxas das alcoviteiras.

E eu, diante de tamanha negligência,
Purificada ficaria?
Oh! Não, não tenha tamanha presunção,
E não me acuse com as suas queixas.

Que imaginação asquerosa
Tipo, homens de Atenas.
Que ingenuidade ordinária
Imaginando existentes as melenas.

Meu caro!
O tempo remontam outros
O que desejas para si
É imagem e semelhança para o outro.

O que dói é saber
Que outras dores iguais, provarás,
Se não modificares esse cérebro nefasto
E não aprenderes a perdoar.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Pano de fundo

Saltei da tristeza à alegria
Qual foi a magia?
Foi o meu blefe à cilada.
Resgatei a variável
Do modelo, já descartada.
Foi no aguçar do pensamento
Que reformulei todo o problema
Com interações complexas do esquema
Simulei a resposta mais convicta
De não mais dar o próximo passo.
Deixei o estratagema intacto
Devolvi sutilmente o drama ao íntimo
Do infeliz criador do artifício,
Ficando por inteiro enredado.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Minha lógica de amor

Tive por você amor
Uma paixão romântica dos poetas
Um grande amor chamado Eros.

Depois passei a ter por você amor
Uma generosidade de entrega total à relação
Uma lógica da paixão Ágape.

Nunca tive por você amor
Amor de sedução, limitados a uma noite
Ludos nunca foi a minha paixão.

Meu amor por você amor
Foi de confiança mútua e valores compartilhados
Divindade grega da amizade – Storge.

Alguns dias atrás amor
Tive por você amor de pré-requisitos e de ponderação
Amor intitulado pragma.

Hoje tenho por você amor, mania
Amor montanha-russa, um dia nas nuvens
E outros no fundo do poço.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Perturbação

Eis que se abriu a primeira cortina
Nada vi naquele palco
Fiquei a espera e observando
O velho tecido que não sacudia.

Eis que se abriu a outra cortina
E nada vi naquele palco
Escutava a música de fundo
Inalando o mofo que ali envolvia.

Eis que se abriu a terceira cortina
Nada vi naquele palco
Um zum zum zum acontecia na plateia,
Reduzi-me a ler o encarte da peça de teatro.

Eis que se abriu a última cortina
Novamente, nada vi naquele palco,
Agora havia um silêncio aterrorizante
Mas era esta, a peça no teatro.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Peinha

Muito prazer sou Penha
Intitularam-me Peinha
Uma coisinha sem senha
Que não se embrenha.

Muito prazer
Sou quem equilibra a barrenha
Na péinha
Não tem quem detenha.

Muito prazer
Gosto da sombra da carrasquenha,
Tampouco me importo
De vestir-me com estamenha.

Muito prazer
Sou pequenininha
Se contenha...
Que não sou inhenha.