Maria da Penha

Maria da Penha

terça-feira, 15 de março de 2016

Pira

Pirado pela pira, suspira
Olhos fitos na pira
Deslumbrado, alucinado
pelo brilho da pira, pira
nem a pira na verga
verga o caipira
desvairado, deu o pira.

Sem título

Na primeira oportunidade que tive em ter
segurei e tive
Tivesse tido antes, teria tido ainda mais que tive
Cultive o que sobrou daquilo que não obtive
me contive.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Desequilíbrio

Eu não sabia onde estavam as fotografias
sempre me perguntava em que lugar estavam
eu não entendia a pergunta
eu não sabia sobre quais fotografias
Também me perguntava sobre o edifício
se tinha elevador ou era de escada
para mim não fazia sentido
esqueceu do meu grau de exigência
já não me conhecia
Eram questionamentos estranhos
sobre meus carros, trabalhos, números de assoalhas,
piscina, festas e alegrias...
mas, do meu eu, do meu interior
não queria saber nada
Através das perguntas insensatas
me subjulgava
como uma mandriona interesseira
eu já não valia nada
As minhas fotos sem filtro
meu rosto sem maquiagem
meu corpo não é malhado
e sem bronzeado
Minha vida é trabalho
meu espaço de lazer é tomado por livros
Como consequência, homeostasia
Só bem mais tarde eu entendi
que ele tinha outras fotografias
subia de escadas e nem era da própria casa
pois casa, já não possuía
seu carro uma lata velha desengonçada
seu trabalho acabou em nada
em festas não encontrava alegria
Tentou outras mulheres que me substituísse
as perguntas eram para as sua comparações
que tolice...
O que ele pretendia de mim se desacreditava?
O que vale a estética?
Vale um alto grau de entropia.


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Minha forma de amar

Atordoada eu fico
por amar de uma forma tão excêntrica
amor de encanto eternizado
causador de assombramento
mas, é amor venerado,
não é amor medido
é amor discutível, irreverente
que tem a beleza do que é enigmático,
e é esta a sutileza:
- quem estagiou nesse meu amor indeterminado
por ele viverá deslumbrado.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Carnaval 2016

Carnaval, eita! como é bom
Samba no pé, pele suada
a rua, um cabaré
Eita!... como é bom
de um lado um beijo molhado
do outro, um desejo danado
e o coração zabumba bumba
no ritmo da canção
Eita! carnaval
overdose de pulsação.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

O vazio do Jeca

Vai lá neguinha
esquentar os pezinhos
é a estação mais propícia
para tomar chá e tirar a cortiça
Vai lá neguinha
seja ao menos coadjuvante
para esse triste cenário
solitário, invernal
leve o seu calor no abraço
nem só de outono
vivem os palhaços.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Esquecimento

Não me lembro mais das aventuras que tive
O cheiro não chega mais com o soprar do vento
Tento através de um esforço hercúleo
relembrar dos sorrisos, dos gestos
e dos sons das palavras ditas
e não me lembro
Tentei eternizar o efêmero
foi a minha mais pura tolice
Nasci com inclinação para o imortal sentimento,
me traí, mas não me repreendo.