Maria da Penha

Maria da Penha

domingo, 22 de maio de 2016

Indício


Escrevo poesias sinistras
Para muitos sem sentido
Declamadas em falsete
Desespera o celerado.

Ambição parasita

Você julga injustamente o sucesso de alguém que mal conhece?
Você conspira contra  essa pessoa?
Você esperneia, cospe fogo e escreve desprovido de juízo?
Você se baseia sem conhecimento mais profundo
que ela, a pessoa que você difama
prescindi das horas de lazer
investe em noites  e mais noites debruçada sobre livros
e mesmo assim, acorda cedo no novo dia
Sem perder a serenidade
e tendo bastante idade
persiste na sua labuta
na tentativa de livrar as pessoas da morte, como você,
dos seres inferiores que matam
parasitas.
E você, peso morto?
Imagina que a vida do outro
é vivida de aparência
Caso você tivesse feito a sua parte
não se vitimizando no emprego e se fazendo de louco
não teria perdido o seu "troco"
Tivesse dispensado o casamento só pelo contrato
acreditando  na parte que lhe caberia
Tivesse aberto mão de um funeral grandioso para o seu morto
Tivesse renunciado as meretrizes e viagens
e não almejasse seu sucesso à custa dos outros
também teria tido êxito na vida
Saberia o sacrifício que é poder viver de aparência
aparência que você ambiciona
humano parasita.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Maio

Prometi há muito
nada escrever no mês de maio
maio, mês otário
se todos fizessem seus levantamentos históricos
chegariam a conclusão
de que maio
não deveria aparecer no calendário.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Recôndito

Não pega na minha mão em público
Nega o meu beijo na praça
Tem medo de fazer juras
Mas, diz acreditar em disco voador

Secretamente, no lusco-fusco
amor selvagem, abrasador
Veja a loucura
desse fugidio senhor

Encobre-se por todos os cantos
quando  o momento é para o amor
Mas, para destroçar o encanto
profere à luz do mundo
blasfêmias com fervor. 

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Caruaru

Vamos benzinho
pro agreste nordestino
vamos pra Caruaru
dançar o forró agitado

Eu, com o meu vestido de chita floral rodado
e as madeixas enfeitadas
com as flores do mandacaru

Tu, chapéu de cangaceiro
fingindo sotaque maneiro
escondendo o forasteiro

Tomaremos goles de capeta
comeremos petiscos com cumari
empoeiraremos o terreiro

Para depois do cansaço, uma bela rede rendada
amparada nas paredes de taipa
de um velho bandoleiro.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Astúcia 2001

O meu sentimento acabou
quando arremessei o cinzeiro de vidro
com veemência  ao chão, estilhaçado
os cacos resvalaram em direção à janela
abrindo uma larga fenda
por onde escapou a minha dor.

domingo, 20 de março de 2016

Alarico



Alarico
"foi mau" não ter escutado
a experiência do seu pai
ele sempre lhe dizia
- tenha a sua única flor
que, para se ter muitas
tem que ser mais que um bom procriador
Aqui, Alarico, já é outono
mais um outono sem cor
Então, curta a sua primavera
comece deste agora, polinizar todas as flores
para que elas transmutem em glória
e façam a corte nas jarras de opulentos senhores.